[national board of review 2006]



filme
Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood

(e, em ordem alfabética)
Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritú
Diamante de Sangue, de Edward Zwick
Os Infiltrados, de Martin Scorsese
O Diabo Veste Prada, de David Frankel
A Conquista da Honra, de Clint Eastwood
The History Boys, de Nicholas Hytner
Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris
Notes On A Scandal, de Richard Eyre
The Painted Veil, de John Curran

filme estrangeiro
Volver, de Pedro Almodóvar

(e, em ordem alfabética)
Curse Of The Golden Flower, de Zhang Yimou
Dias de Glória, de Rachid Bouchareb
O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro
Water, de Deepa Mehta

documentário
Uma Verdade Inconveniente, de Davis Guggenheim

(e, em ordem alfabética)
51 Birch Street, de Doug Block
Iraq In Fragments, de James Longley
Shut Up & Sing, de Barbara Kopple & Cecilia Peck
Wordplay, de Patrick Creadon

direção
Martin Scorsese, por Os Infiltrados

diretor estreante
Jason Reitman, por Obrigado por Fumar

ator
Forest Whitaker, por O Último Rei da Escócia

atriz
Helen Mirren, por A Rainha

ator coadjuvante
Djimon Hounsou, por Diamante de Sangue

atriz coadjuvante
Catherine O'Hara, por For Your Consideration

elenco
Os Infiltrados

revelação masculina
Ryan Gosling, por Half Nelson

revelações femininas
Jennifer Hudson, por Dreamgirls
Rinko Kikuchi, por Babel

roteiro adaptado
Ron Nyswaner, por The Painted Veil

roteiro original
Zach Helm, por Mais Estranho do que a Ficção

filme de animação
Carros, de John Lasseter, co-dir: Joe Ranft

filmes indies
(em ordem alfabética)
Akeelah And The Bee, de Doug Atchison
Bobby, de Emilio Estevez
Catch a Fire, de Philip Noyce
O Segredo de Beethoven, de Agnieska Holland
A Guide To Recognizing Your Saints, de Dito Montiel
Half Nelson, de Ryan Fleck
O Ilusionista, de Neil Burger
Lonesome Jim, de Steve Buscemi
Sherrybaby, de Laurie Collyer
10 Items Or Less, de Brad Silberling
Obrigado por Fumar, de Jason Reitman

Bvlgari Award pela liberdade de expressão
Water, de Deepa Mehta
As Torres Gêmeas, de Oliver Stone

conjunto da obra
Eli Wallach

Billy Wilder Award por excelência em direção
Jonathan Demme

William K. Everson Award pela história no cinema
Donald Krim

conjunto da obra (produção)
Irwin Winkler

comentário: o primeiro dos grandes prêmios dos críticos chega jogando água no feijão. Clint Eastwood, justamente pelo filme japonês, um de seus dois deste ano, ganhou o prêmio principal e lançou Cartas de Iwo Jima na corrida pelo Oscar de melhor filme, algo que só era previsto pelo Kris Tapley, do In Contention. Mas o que significa exatamente esse primeiro prêmio? Pelo histórico do National Board of Review, é quase certa a indicação na categoria principal. Dos últimos 20 vencedores do NBOR, 16 foram finalistas ao Oscar de melhor filme. Mas o prêmio também pode significar que Eastwood não vai ganhar o prêmio. Nestes mesmos 20 anos, somente 6 dos campeões da associação repetiram o feito no Oscar.

Em todo caso, as atenções para os filmes de Clint Eastwood, que andavam meio desacreditados, voltaram com força total. Resta saber se essa escolha vai ter respaldo nos próximos prêmios porque, sem uma força extra, a Academia pode achar que já deu Oscars demais para o velho Clint e ignorar os filmes, como vinha se acreditando. No entanto, como a Ana Maria Bahiana aposta em seu blogue, o Globo de Ouro muito provavelmente vai indicar Cartas de Iwo Jima entre os filmes estrangeiros, o que deve lançá-lo aos holofotes mais uma vez, já que, diferentemente do Oscar, onde o país inscreve o filme candidato, são os estúdios quem escolhem seus representantes. Indicado aos Globes como estrangeiro, o filme pode ganhar força para o Oscar principal.

O outro filme de Clint, A Conquista da Honra, pode: a) se beneficiar com o auê que seu irmão gêmeo recebeu e ter sua campanha reforçada já que o outro é um filme em japonês; ou b) virar um coadjuvante quando se olha o conjunto de filmes e sequer ser competitivo. Resta saber como vão se comportar os outros prêmios já que o filme americano do mestre foi friamente recebido pela crítica. Já Os Infiltrados, de Martin Scorsese, acaba de assegurar sua indicação aos dois prêmios principais. Além de estar entre os dez do ano (eles não informam posições), Marty ganhou o prêmio de melhor diretor, débito que a Academia tem com ele há trinta anos. O prêmio de elenco mostra que seus nomes estão fortes.

Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritú, outro finalista, se beneficiou da atual paixão por filmes-painel e também teve a candidatura reforçada. Mas outros favoritos para uma vaga entre os melhores filmes viram suas chances ficarem menores. A Rainha, que ganhou para Helen Mirren, o prêmio de melhor atriz (seria bom ela escrever o discurso), e Dreamgirls, cuja citação se resumiu a um prêmio (dividido) de revelação feminina para Jennifer Hudson, sequer apareceram entre os dez filmes do ano. No caso do primeiro, algo bastante estranho já que o filme tem a maior cara de premiado do NBOR. Nos últimos anos, pelo menos quatro dos finalistas do Oscar de melhor filme estão entre os dez melhores da associação. Em 2004 e 2005, os cinco estavam lá.

Quem se deu bem foi Pequena Miss Sunshine, de Jonathan Dayton e Valerie Faris, que confirma a tendência de ser o representante indie na disputa. Diamante de Sangue, de Edward Zwick, é uma citação que não anima tanto porque Zwick já foi até melhor diretor por O Último Samurai e o filme nem foi lembrado nas principais categorias do Oscar. Apesar disso, as chances de indicações aumentam, ainda mais para Djimon Honsou, melhor coadjuvante. Uma aposta de última hora, The Painted Veil, de John Curran, pode fazer uma boa campanha. Edward Norton já concorre ao Spirit e aqui o filme, além do top ten, ganhou o roteiro adaptado. A inclusão de O Diabo Veste Prada, de David Frankel, é surpreendente, mas não deve ter muitos efeitos. The History Boys, de Nicholas Hytner, e Notes On A Scandal, de Richard Eyre, viram suas campanhas crescerem.

Volver, de Pedro Almodóvar, ganhou como estrangeiro, mas ficou isolado. Não lembro mesmo se os estrangeiros (de verdade) podem entrar no top ten do ano. Todos seus concorrentes nesta categoria eram badalados e vêem duas chances duplicadas já que todos são os candidatos oficiais ao Oscar de filme estrangeiro. Animação e documentário, resultados óbvios. Forrest Whittaker, que já estava meio apagado, renasceu como favorito ao Oscar de melhor ator. Ryan Gosling, revelação, está cada vez mais próximo de sua merecidíssima indicação. E Catherine O'Hara, e será uma delícia se isso acontecer, finalmente vê chances reais de ser finalista. Rinko Kikuchi e Jennifer Hudson, mesmo lembradas como revelação, continuam como fortes candidatas.