[duas ou três coisas que eu imagino sobre o Oscar]
O quanto a Academia gosta de Clint Eastwood? A resposta para esta pergunta pode ser fundamental para definir os indicados para o Oscar da temporada 2006-2007. Com a antecipação da data de estréia de Letters from Iwo Jima, a contrapartida japonesa para A Conquista da Honra (Flags of our Fathers), para dezembro, o caubói vai ter dois filmes aptos a concorrer aos prêmios da Academia neste ano.
Isso é bom ou ruim? Bem, é aí que entra a tal da pergunta. Com a mudança nas datas, uma eventual candidatura de Clint Eastwood pode ser reforçada de duas maneiras: ou com a concentração de votos no primeiro longa que chega às telas, A Conquista da Honra, que vai estar mais forte na memória dos votantes, ou ainda, caso o sucesso de crítica dos dois filmes seja grande, pode gerar duas indicações para Clint na categoria principal ou na de direção (coisa que só Steven Soderbergh fez na história do Oscar).
Mas, num outro plano, a Academia pode encarar os dois filmes como uma superexposição do diretor e terminar por ignorá-lo nos Oscar mais importantes. Um reforço para este pensamento é que Eastwood já tem Oscar no currículo. Tem logo dois tanto como diretor quanto como filme. E há uma tradição em que os vencedores do Oscar principal nunca são indicados pelo filme seguinte. Que nosso herói tem cacife para quebrar essa maldição, ele tem, mas... será?
Não dá pra esquecer que Letters from Iwo Jima é falado prioritariamente em japonês ao que tudo indica e o histórico de filmes em língua estrangeira finalistas como melhor filme não é dos maiores. Resta saber se o tratamento dado por Paul Haggis, escritor de Menina de Ouro e diretor e roteirista de Crash, os dois, vencedores do Oscar de melhor filme, vai conseguir convencer mais uma vez a Academia. Esperar para ver.
os outros são os outros?
Bill Condon nunca chegou tão forte numa corrida do Oscar. Dreamgirls, musical sobre a história de um grupo vocal feminino entre os 60 e os 70, está em todas as listas que prevêem indicações. Como o filme ainda não estreou é difícil ter uma opinião mais concreta, mas o passado de Condon é um bom sinal. Como Beyoncé Knowles é uma das protagonistas, das duas uma: ou ela ganha respeito como atriz e pode até ser indicada, ou o filme vai receber porrada de todos os lados. O elenco é animador. Tem Jamie Foxx e até Eddie Murphy, no que muita gente acredita ser um papel-ressurreição, tipo Burt Reynolds em Boogie Nights ou John Travolta em Pulp Fiction.
No Festival de Toronto, de onde geralmente saem os primeiros candidatos fortes para o Oscar, Bobby, de Emilio Estevez, ganhou atenção especial. O filme que retrata os últimos dias da vida do senador Robert Kennedy tem aquele clima patriótico que pode cooptar boa parte da Academia. A Rainha, de Stephen Frears, sobre a reação da família real britânica à morte da Princesa Diana, também foi bastante elogiado. A indicação de Helen Mirren como a rainha Elizabeth II é certa, mas o filme pode papar mais coisas.
Falando em majestade, uma surpresa será a campanha de O Último Rei da Escócia, de Kevin Macdonald. Pode se resumir a elogiadíssima interpretação de Forest Whittaker como o ditador de Ruanda, mas, caso caia nas graças, o que não parece difícil de acontecer, pode aparecer nas categorias mais nobres. A sorte também dirá o destino de alguns filmes com indicações certas (ou que hoje parecem certas): Correndo com Tesouras (melhor atriz para Annette Bening) e O Diabo Veste Prada (melhor atriz - ou coadjuvante - para Meryl Streep).
The Good Shepherd, ressurreição de Robert De Niro na direção, vinha sendo figurinha fácil nas listas de previsões, mas, enquanto não estréia, cedeu o lugar para outros filmes. Matt Damon estrela a história sobre os primeiros dias da CIA e aparecia até alguns meses nas prévias de melhor ator. O filme pode ser visto como um revival como cineasta para um ator que há tempos não ganha um papel decente. Mas se lembrarmos que sua estréia como diretor, Desafio no Bronx, foi ignorada pela Academia. Não teve prestígio certo.
Temos outro "good" neste ano. Depois de uma série de tentativas inócuas de enveredar pelos temas indies, The Good German pode fazer as pazes de Steven Soderbergh com Hollywood e com um filme decente. A história tem tudo para conquistar simpatia: Segunda Guerra Mundial, romance, junto com um astro do porte e do carisma de George Clooney, recentemente oscarizado, ao lado de Cate Blanchett.
Alejandro Gonzalez Iñarritú, o mexicano mais internacional do momento, pode dar sorte com seu mosaico em vários países Babel. Os filmes anteriores do cineasta tiveram indicações e, desta vez, além do suporte crítico, Iñarritú tem um prêmio de direção em Cannes debaixo do braço. Falam em Brad Pitt para melhor ator. Seria uma chance para um bom ator, geralmente ignorado?
A questão é que Babel faz aquela linha "ligue os pontos", cheia de tramas paralelas, da qual a Academia não é muito fã. Ou não era, até o ano passado, quando um filme medíocre como Crash ganhou o Oscar principal. Será que desta vez o roteiro de Guillermo Arriaga encanta Hollywood a ponto de disputar prêmios? E o quanto isso significa na campanha para melhor filme?
Será que teremos Ben Affleck indicado por Hollywoodland? Seu prêmio em Veneza foi surpreendente. Será que ele emplaca? Catch a Fire, de Philip Noyce, pode ter mais sorte do que as esperadas indicações de Derek Luke e, em escala menor, Bonnie Henna? E Judi Dench. Candidata outra vez por Notes on a Scandal? Será que Cate Blanchett terá sorte tambpem pelo mesmo filme? Entre as apostas boas há Will Smith por The Pursuit of Happiness e o veteraníssimo e superativo Peter O'Toole, por Venus.
E, por fim, temos Little Children. O trailer é bem bom, meio assustador. E Todd Field já recebeu bastante atenção por outro drama familiar, Entre Quatro Paredes, gênero que sempre consegue sua vaguinha quando o filme emplaca nos prêmios anteriores ao Oscar. Além disso, temos um elenco promissor: Patrick Wilson, Jennifer Connelly e a eterna favorita - e nunca premiada - Kate Winslet.
Daqui a alguns dias, a priemira rodada de apostas.
O quanto a Academia gosta de Clint Eastwood? A resposta para esta pergunta pode ser fundamental para definir os indicados para o Oscar da temporada 2006-2007. Com a antecipação da data de estréia de Letters from Iwo Jima, a contrapartida japonesa para A Conquista da Honra (Flags of our Fathers), para dezembro, o caubói vai ter dois filmes aptos a concorrer aos prêmios da Academia neste ano.
Isso é bom ou ruim? Bem, é aí que entra a tal da pergunta. Com a mudança nas datas, uma eventual candidatura de Clint Eastwood pode ser reforçada de duas maneiras: ou com a concentração de votos no primeiro longa que chega às telas, A Conquista da Honra, que vai estar mais forte na memória dos votantes, ou ainda, caso o sucesso de crítica dos dois filmes seja grande, pode gerar duas indicações para Clint na categoria principal ou na de direção (coisa que só Steven Soderbergh fez na história do Oscar).
Mas, num outro plano, a Academia pode encarar os dois filmes como uma superexposição do diretor e terminar por ignorá-lo nos Oscar mais importantes. Um reforço para este pensamento é que Eastwood já tem Oscar no currículo. Tem logo dois tanto como diretor quanto como filme. E há uma tradição em que os vencedores do Oscar principal nunca são indicados pelo filme seguinte. Que nosso herói tem cacife para quebrar essa maldição, ele tem, mas... será?
Não dá pra esquecer que Letters from Iwo Jima é falado prioritariamente em japonês ao que tudo indica e o histórico de filmes em língua estrangeira finalistas como melhor filme não é dos maiores. Resta saber se o tratamento dado por Paul Haggis, escritor de Menina de Ouro e diretor e roteirista de Crash, os dois, vencedores do Oscar de melhor filme, vai conseguir convencer mais uma vez a Academia. Esperar para ver.
os outros são os outros?
Bill Condon nunca chegou tão forte numa corrida do Oscar. Dreamgirls, musical sobre a história de um grupo vocal feminino entre os 60 e os 70, está em todas as listas que prevêem indicações. Como o filme ainda não estreou é difícil ter uma opinião mais concreta, mas o passado de Condon é um bom sinal. Como Beyoncé Knowles é uma das protagonistas, das duas uma: ou ela ganha respeito como atriz e pode até ser indicada, ou o filme vai receber porrada de todos os lados. O elenco é animador. Tem Jamie Foxx e até Eddie Murphy, no que muita gente acredita ser um papel-ressurreição, tipo Burt Reynolds em Boogie Nights ou John Travolta em Pulp Fiction.
No Festival de Toronto, de onde geralmente saem os primeiros candidatos fortes para o Oscar, Bobby, de Emilio Estevez, ganhou atenção especial. O filme que retrata os últimos dias da vida do senador Robert Kennedy tem aquele clima patriótico que pode cooptar boa parte da Academia. A Rainha, de Stephen Frears, sobre a reação da família real britânica à morte da Princesa Diana, também foi bastante elogiado. A indicação de Helen Mirren como a rainha Elizabeth II é certa, mas o filme pode papar mais coisas.
Falando em majestade, uma surpresa será a campanha de O Último Rei da Escócia, de Kevin Macdonald. Pode se resumir a elogiadíssima interpretação de Forest Whittaker como o ditador de Ruanda, mas, caso caia nas graças, o que não parece difícil de acontecer, pode aparecer nas categorias mais nobres. A sorte também dirá o destino de alguns filmes com indicações certas (ou que hoje parecem certas): Correndo com Tesouras (melhor atriz para Annette Bening) e O Diabo Veste Prada (melhor atriz - ou coadjuvante - para Meryl Streep).
The Good Shepherd, ressurreição de Robert De Niro na direção, vinha sendo figurinha fácil nas listas de previsões, mas, enquanto não estréia, cedeu o lugar para outros filmes. Matt Damon estrela a história sobre os primeiros dias da CIA e aparecia até alguns meses nas prévias de melhor ator. O filme pode ser visto como um revival como cineasta para um ator que há tempos não ganha um papel decente. Mas se lembrarmos que sua estréia como diretor, Desafio no Bronx, foi ignorada pela Academia. Não teve prestígio certo.
Temos outro "good" neste ano. Depois de uma série de tentativas inócuas de enveredar pelos temas indies, The Good German pode fazer as pazes de Steven Soderbergh com Hollywood e com um filme decente. A história tem tudo para conquistar simpatia: Segunda Guerra Mundial, romance, junto com um astro do porte e do carisma de George Clooney, recentemente oscarizado, ao lado de Cate Blanchett.
Alejandro Gonzalez Iñarritú, o mexicano mais internacional do momento, pode dar sorte com seu mosaico em vários países Babel. Os filmes anteriores do cineasta tiveram indicações e, desta vez, além do suporte crítico, Iñarritú tem um prêmio de direção em Cannes debaixo do braço. Falam em Brad Pitt para melhor ator. Seria uma chance para um bom ator, geralmente ignorado?
A questão é que Babel faz aquela linha "ligue os pontos", cheia de tramas paralelas, da qual a Academia não é muito fã. Ou não era, até o ano passado, quando um filme medíocre como Crash ganhou o Oscar principal. Será que desta vez o roteiro de Guillermo Arriaga encanta Hollywood a ponto de disputar prêmios? E o quanto isso significa na campanha para melhor filme?
Será que teremos Ben Affleck indicado por Hollywoodland? Seu prêmio em Veneza foi surpreendente. Será que ele emplaca? Catch a Fire, de Philip Noyce, pode ter mais sorte do que as esperadas indicações de Derek Luke e, em escala menor, Bonnie Henna? E Judi Dench. Candidata outra vez por Notes on a Scandal? Será que Cate Blanchett terá sorte tambpem pelo mesmo filme? Entre as apostas boas há Will Smith por The Pursuit of Happiness e o veteraníssimo e superativo Peter O'Toole, por Venus.
E, por fim, temos Little Children. O trailer é bem bom, meio assustador. E Todd Field já recebeu bastante atenção por outro drama familiar, Entre Quatro Paredes, gênero que sempre consegue sua vaguinha quando o filme emplaca nos prêmios anteriores ao Oscar. Além disso, temos um elenco promissor: Patrick Wilson, Jennifer Connelly e a eterna favorita - e nunca premiada - Kate Winslet.
Daqui a alguns dias, a priemira rodada de apostas.
5 Comments:
Acho que o elogiadíssimo Little Miss Sunshine pode ganhar vaga em roteiro original. Acho que tem chances de ser o indie a chamar atenção da Academia, como A Lula e a Baleia no ano passado.
By Anônimo, at setembro 15, 2006 1:52 PM
E tem Volver, Chico. O filme teve tanta unanimidade entre os críticos americanos, que já são os jornalistas que apostam em indicações para Penelope Cruz como certeza, roteiro original, diretor e ATÉ MELHOR FILME!!!
Não esqueçamos que a Academia morre de amores por Almodóvar.
Márcio
By Anônimo, at setembro 15, 2006 2:24 PM
Eu achei o trailer de "Volver" bem fraco, mas vamos ver.
Rodrigo, também acho que "Miss Sunshine" pode ganhar umas indicações.
By CHICO FIREMAN, at setembro 15, 2006 3:15 PM
Oie... já estou adorando a volta do blog.
O filme do Cuarón não tem chances não? Que deu de Allen e Scorsese? Acho que Altman aparece em roteiro, como sempre. E esse filmes do post anterior... vão ser lançados ainda este ano por lá - Minghella, Scott, Branagh?
By Anônimo, at setembro 18, 2006 8:34 PM
The Departed e The Bloood Diamond???
Estão muito quietos, deve vir obra-prima por aí...
By Anônimo, at setembro 19, 2006 5:42 PM
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