o s c a r B U Z Z

segunda-feira, janeiro 15

[reações: globo de ouro 2006]



filme dramático: Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritu

filme - comédia ou musical: Dreamgirls, de Bill Condon

ator dramático: Forest Whitaker, por O Último Rei da Escócia

atriz dramática: Helen Mirren, por A Rainha

ator – comédia ou musical: Sacha Baron Cohen, por Borat!

atriz – comédia ou musical: Meryl Streep, por O Diabo Veste Prada

ator coadjuvante: Eddie Murphy, por Dreamgirls

atriz coadjuvante: Jennifer Hudson, por Dreamgirls

diretor: Martin Scorsese, por Os Infiltrados

roteiro: Peter Morgan, por A Rainha

trilha sonora: Alexandre Desplat, por The Painted Veil

canção: "Song of the Heart" (Prince), de Happy Feet, o Pingüim

filme em língua estrangeira: Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood

filme de animação: Carros, de John Lasseter, co-dir: Joe Ranft.

comentário: ...e Babel foi eleito o melhor filme dramático do ano, mas vamos deixar este caso para o final porque, de uma maneira geral, o Globo de Ouro seguiu as tendências apontadas nos prêmios dos críticos e, mais uma vez, elegeu os óbvios numa festa chata, grande e cheia de gente que não queria parar de falar. A única surpresa verdadeira da noite foi Prince, que atrasado nem subiu no palco, abocanhar o prêmio de melhor canção com "Song of the Heart", da deliciosa animação Happy Feet, o Pingüim. O baixinho, que deixou pra trás canções de Beyoncé, Seal e Sheryl Crow, provou que ainda está em voga entre os jornalistas estrangeiros. Ou seja, que eles ainda o consideram uma celebridade.

Embora o Globo de Ouro, por causa da mudança de datas nos últimos anos, já não seja mais um grande precursor para o Oscar, a candidatura do cantor ganhou reforço, embora eu ainda ache que as canções de Dreamgirls e Bobby tenha mais chances. Curioso é que o filme pelo qual Prince ganhou o prêmio, que vinha sendo apontado como favorito na disputa pelo Oscar e, conseqüentemente, pelo Globo de Ouro foi preterido em favor do apenas bem desenhado Carros, que deve ter fornecido muitos mais bonequinhos para os votantes. Será que o prêmio era para que a categoria filme de animação, apresentada pela primeira vez neste ano, tivesse uma estréia de peso? Não duvido muito que aconteça a mesma coisa no Oscar já que o filme de George Miller pode ter sido visto por pouca gente.

The Painted Veil ganhou como trilha sonora. Ponto para Alexandre Desplat na corrida, que ainda não está bem definida. O problema é que que a lista de indicados ao Globo de Ouro de trilha geralmente é bem diferente da relação do Oscar. No ano passado apenas duas das cinco finalistas foram indicadas. Muitas vezes os vencedores nem chegam a aparecer na lista da Academia. E Desplat tem duas possibilidades. A segunda é por A Rainha, um dos filmes fortes do ano, o que pode inviabilizar uma das candidaturas.

Entre os atores dramáticos, nenhuma surpresa. Embora muita gente apostasse em alguém mais famoso para ganhar o prêmio masculino, Forest Whitaker reprisou sua já extensa carreira de troféus por O Último Rei da Escócia, que também serve quase como um conjunto da obra para um ator brilhante que nunca era lembrado nestas premiações. Não via outro vencedor e acho que é mais um Oscar garantido. O caso de Helen Mirren, que interpreta Elizabeth II em A Rainha, era ainda mais flagrante. Simplesmente não havia advesárias para atriz, que, num feito inédito, ganhou também um prêmio de TV pelo papel de Elizabeth I. Dona Helen é o Oscar mais certo deste ano.

Meryl Streep, outra barbada, ganhou como atriz em comédias e musicais por O Diabo Veste Prada. Só não repete o feito no Oscar porque existe Helen Mirren no caminho já que as categorias são unificadas por lá. O fenômeno Sacha Baron Cohen ficou com o prêmio de melhor ator em comédias e musicais numa mistura de carisma conquistado e falta de adversários de peso.

Nessa brincadeira de pulverizar os prêmios, quem se saiu melhor foi justamente quem estava mais apagado: Dreamgirls ganhou como filme comédia ou musical e ainda emplacou dois coadjuvantes, Eddie Murphy e Jennifer Hudson. Os dois eram favoritos, apenas consolidaram esta posição, já o filme realmente cresceu na disputa: poderia perder para Borat!, bombadíssimo, e Pequena Miss Sunshine, mas a história americana de música, fama e tragédias, trilogia imbatível, levou o prêmio. Com o resultado, Dreamgirls não só tem sua vaga certa como ganha status de possível vencedor.

A vitória de Cartas de Iwo Jima como filme estrangeiro teve sabor de prêmio de consolação para Clint Eastwood, que ficou de fora da lista de filmes dramáticos e de outras categorias (além da dupla indicação em direção). Mas, ao mesmo tempo, foi uma ótima solução - para eles, claro - para que a Hollywood Foreign Press Association distribuísse prêmios para todos. Quem perdeu foram justamente os estrangeiros. Nem Guillermo del Toro, nem Pedro Almodóvar tiveram chance de se consolidar na liderança da categoria. Mesmo com esse prêmio, o filme de Eastwood, em japonês, não viu mudar sua situação na corrida de melhor filme. Hoje, ele provavelmente não seria indicado.

A vitória de Martin Scorsese era esperada. Clint Eastwood, mesmo com indicação dupla, estava com as candidaturas esvaziadas pela falta de suporte nos outros quesitos, Stephen Frears não tinha o tamanho necessário para derrubá-lo, ainda mais por um filme inglês, e Alejandro Gonzalez Iñarritu, não é, como ele é, uma marca, uma grife, uma assinatura. Temos que lembrar de que, nesta categoria, quem ganha é um nome. E, numa nova disputa entre Martin e Clint, eles preferiram Martin desta vez. Eu sinceramente acho que não há o que pensar: Scorsese vai levar o Oscar neste ano, sim: se a HFPA que já o tinha premiado em 2003, resolveu dar o prêmio a ele, imagina a Academia, que nunca deixou o velhinho ganhar!

E, ao contrário do que se possa pensar, eu não acho que Babel vire um frontrunner a partir de agora não. Primeiro: foi um prêmio absolutamente isolado, sem o apoio de categorias secundárias. Era favorito como roteiro e perdeu para A Rainha, que é legal e tudo, sério e tudo, mas que foge enormemente do perfil de premiados aqui pelo GG. Tudo bem, Os Infiltrados também ficou com um prêmio só, mas sua força nos demais quesitos está em categorias que o Globo de Ouro não tem, como fotografia, montagem e som. Segundo: no ano que vem, a HFPA premiou O Segredo de Brokeback Mountain e o Oscar, Crash. Ou seja, o Globo de Ouro tinha uma dívida com os filmes pretensamente mais politizados, de estrutura pretensamente inovadora. O Oscar, não. Babel deve ser indicado, mas será que um filme tão parecido com outro que acabou de ganhar o prêmio pode ser laureado assim tão rápido? E nesse ano não há desculpas para se parecer moderno ou engajado. Não há caubóis gays para preterir. A Academia pode voltar a ser mais... err... clássica.

8 Comments:

  • Chico, você disse ali:

    "Segundo: no ano que vem, a HFPA premiou O Segredo de Brokeback Mountain e o Oscar, Crash."

    Mas na verdade é no ano passado, certo? :o)

    By Anonymous Anônimo, at janeiro 16, 2007 6:34 AM  

  • Foi legal ver A Rainha ganhar roteiro, ainda tá no páreo... Mas About Schmidt venceu em 2003 e nem entrou no Oscar. Será que Desplat FINALMENTE emplaca uma indicação ao Oscar?

    By Blogger Mateus Nagime, at janeiro 16, 2007 6:54 AM  

  • Para mim, a surpresa foi A Rainha ter ganho roteiro, eu já considerava Babel praticamente o dono do premio e The Departed com remotas chances.

    By Anonymous Anônimo, at janeiro 16, 2007 7:00 AM  

  • O prêmio de roteiro foi uma surpresa pra mim, mas não tão grande assim. Ganhou Cannes e foi citado em várias premiações.

    By Blogger CHICO FIREMAN, at janeiro 16, 2007 7:48 AM  

  • O Forest Whitaker ganhou, como eu previa, e ninguém comenta, né?

    By Blogger CHICO FIREMAN, at janeiro 16, 2007 9:09 AM  

  • Ganhou em Veneza, Chico.

    Márcio

    By Anonymous Anônimo, at janeiro 16, 2007 11:16 AM  

  • Isso, Veneza!

    By Blogger CHICO FIREMAN, at janeiro 16, 2007 11:27 AM  

  • chico, duas correções:

    * no post sobre as apostas para o GG, tu diz q o Scorsese ganhou um GG por O Aviador, mas na verdade ele ganhou esse prêmio por Gangues de NY. O Aviador levou melhor filme naquele ano, mas o diretor foi o Clint.

    * no post sobre roteiro adaptado tu diz q Os Infiltrados foi "preterido" pelo Scripter, mas isso não é correto. o Scripter é um prêmio de literatura, concedido anualmente a um roteiro adaptado de um LIVRO: os premiados são tanto o(s) roteirista(s) quanto o(s) autor(es) do livro no qual ele foi baseado. como Os Infiltrados é adaptado de um filme, e não de um livro, ele era inelegível para este prêmio, e quem é inelegível não tem como ser preterido.

    agora um comentário: embora eu tbm tivesse apostado em Happy Feet, deve-se lembrar que a vitória de Cars não é assim tão surpreendente, já que o filme é o favorito para a categoria no Oscar com suas NOVE indicações ao Annie, contra apenas DUAS do filme de Miller. mas claro, favoritismo é para ser batido ;-)

    beijos

    By Anonymous Anônimo, at janeiro 17, 2007 4:49 PM  

Postar um comentário

<< Home


 
online